ANA ADÉLIA JÁCOMO
DA REDAÇÃO
A Justiça Federal de Mato Grosso acatou pedido do Ministério Público Federal (MPF) e determinou o perdimento de 60% do capital social da empresa Rondon Plaza Shopping Ltda, localizado em Rondonópolis (215Km de Cuiabá), de propriedade do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro.
Único centro de compras da cidade foi inaugurado em maio de 2001 e possui 74 lojas, praça de alimentação, além de 17 quiosques, cinema com 03 salas, 01 posto de combustível, 01 supermercado e 01 pista de kart. A capacidade média anual de visitantes é de 2 milhões de pessoas.
De acordo com a denúncia do MPF, João Arcanjo operou empréstimos fraudulentos, por meio do Rondon Plaza Shopping. A Empresa JAR Projetos e Construções Civis Ltda, também de sua propriedade, ingressou na sociedade com investimento de R$ 11 milhões, fruto de empréstimo fraudulento feito com a instituição financeira Commercial & Financial Bank Ltda, de Montevidéu, no Uruguai.
“Foi mais um dos empréstimos simulados por intermédio do qual a organização criminosa internalizou no Brasil valores ilícitos, objeto do crime de lavagem de dinheiro, visto que o dinheiro enviado para o Uruguai foi utilizado para a compra de títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os quais eram descontados conforme as parcelas eram liberadas pelo banco e o shopping (...) conforme consta na sentença: ‘O dinheiro emprestado era da própria quadrilha’”, diz trecho da decisão.
Arcanjo, sua esposa Silvia Chirata Arcanjo Ribeiro, e os sócios Nilson Roberto Teixeira e Luiz Alberto Dondo Gonçalves são acusados de integrar uma poderosa organização criminosa, sediada em Mato Grosso e com ramificações nacionais e internacionais, que se dedicavam a prática de crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro.
Além disso, qualifica-se ao bando exploração de jogo do bicho e de máquinas caça-níqueis contrabandeadas, bem como dois homicídios e uma tentativa de assassinato.
Na decisão, datada de 20 de outubro de 2014, o magistrado Paulo Cézar Alves Sodré, da 7ª Vara de Mato Grosso, autoriza a utilização dos bens que foram objetos da pena de perdimento por instituições públicas (Polícia Federal, Polícia Militar e etc). Leia AQUI.
A decisão cabe recurso no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região e depois ainda pode ser levado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. As cotas serão leiloadas pela União, o que não deve alterar o funcionamento do shopping, já que novos acionistas devem arrematar os 60% das cotas de Arcanjo.