CRISTINA REIS
O uso racional de medicamentos é um pilar fundamental da saúde pública, visando assegurar que os pacientes recebam tratamentos adequados, eficazes e seguros, adaptados às suas necessidades individuais. Este conceito vai além da simples prescrição e administração de medicamentos, abrangendo a conscientização sobre a importância de seguir corretamente as orientações médicas, evitar a automedicação e compreender os potenciais efeitos colaterais e interações medicamentosas.
Neste contexto, os farmacêuticos desempenham um papel crucial. Eles atuam de diversas formas na promoção do uso racional de medicamentos. Primeiramente, orientam os pacientes sobre o uso apropriado dos medicamentos, incluindo posologia, horários de administração e possíveis reações adversas.
Os farmacêuticos também desempenham um papel importante na prevenção de problemas relacionados a medicamentos, como automedicação inadequada e polifarmácia (uso excessivo de medicamentos). Eles realizam a reconciliação de medicamentos, revisando as prescrições dos pacientes para identificar possíveis interações medicamentosas ou duplicações terapêuticas, contribuindo assim para a segurança do tratamento.
Além disso, estão envolvidos em atividades de educação e promoção da saúde, conduzindo campanhas de conscientização sobre o uso correto de medicamentos, a importância da adesão ao tratamento e os riscos associados à automedicação.
O farmacêutico desempenha um papel fundamental na orientação da população sobre o descarte correto de medicamentos. Além de fornecer informações sobre como descartar de forma segura e ambientalmente consciente, eles podem educar sobre os impactos negativos do descarte inadequado, como a contaminação da água e do solo. A colaboração com as comunidades é essencial para garantir que os medicamentos sejam descartados de maneira responsável, protegendo tanto o meio ambiente quanto a saúde pública.
De acordo com dados da Agência Brasil, em 2023, foram corretamente descartadas 600 toneladas de medicamentos não utilizados, o dobro do ano anterior. O objetivo é aumentar esses números através de campanhas que incentivam o descarte adequado.
É relevante destacar que todas as cidades com mais de 100 mil habitantes contam com farmácias equipadas com pontos de coleta para medicamentos vencidos ou não utilizados, incluindo unidades básicas de saúde.
Anualmente, o Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso (CRF-MT) organiza campanhas educativas para sensibilizar a população sobre a importância do uso racional de medicamentos e do descarte adequado. Tais iniciativas também visam conscientizar sobre os impactos ambientais do descarte inadequado, exigindo uma abordagem colaborativa entre o poder público, profissionais da saúde e farmacêuticos.
Essas campanhas buscam não apenas modificar os padrões de consumo descontrolado de medicamentos, mas também esclarecer os riscos ambientais associados ao descarte inadequado, visando reduzir a contaminação do solo e das estações de tratamento de esgoto.
*Dra. Cristina Reis, farmacêutica-bioquímica graduada pela Universidade Estadual de Londrina – UEL, possui uma ampla experiência profissional que abrange desde a atuação em Análises Clínicas até o ensino superior, onde foi docente em cursos de graduação em Farmácia e outras áreas da saúde. Atualmente, ela desempenha papéis de destaque como Conselheira Regional e Presidente do CRF-MT, demonstrando um compromisso contínuo com a excelência e o avanço da profissão farmacêutica.
